Atividade de Interpretação do Livro - 7ºA
Viagem a Lilipute
Gulliver era um médico inglês que adora viagens e aventuras. Como
sua clientela era pequena e ele vivia em dificuldade financeira,
aceitou o convite para ser o médico da tripulação do navio
Antílope. Assim, embarcou para as Índias, em 1699. A viagem, no
início, transcorreu bem. Porém, perto das Índias Orientais, uma
violenta tempestade atingiu o navio, e a tripulação lançou-se ao
mar em pequenos barcos. Gulliver estava num deles com alguns
companheiros, mas, depois de algumas horas remando, foi lançado ao
mar por uma enorme onda que virou a embarcação. Só restava
nadar...
[...] Depois do susto inicial, Gulliver aos poucos ganha a confiança
dos habitantes e do rei de Lilipute. Assim, recebe roupas novas, um
lugar para dormir e começa a participar de festividades, tornando-se
um amigo fiel do rei. Mas Lilipute tem um inimigo, Blefusco, um país
vizinho cujo monarca vivia querendo invadir Mildendo, capital de
Lilipute, por este ser um país mais rico e desenvolvido.
[...] O serviço de espionagem de Sua Majestade trouxe a notícia de
que poderosa frota estava ancorada no porto de Blefusco e dentro de
poucos dias invadiria Lilipute. Fui chamado ao palácio e o imperador
me deu ordem de impedir a qualquer preço o desembarque das tropas
inimigas em Mildendo.
“Descansei algumas horas à beira da estrada e entrei no canal. Nos
trechos mais profundos tive que nadar, mas fiz a pé a maior parte do
trajeto e quando cheguei a Blefusco, na enseada onde foi construída
a capital, assisti a um belíssimo espetáculo: cinqüenta navios de
guerra se exercitavam em manobras de combate. Para que não me
vissem, fiquei sentado dentro da água e procurei não fazer
movimentos que denunciassem minha presença. Mas foi inútil. Um dos
navios da frota abandonou a formação e saiu em minha perseguição.
Do convés centenas de marinheiros começaram a disparar suas setas e
a acionar pequenos canhões, carregados de minúsculas lanças. Daí
a pouco, quase todos os navios me atacavam e fui atingido no peito e
nos braços. Rapidamente me levantei, mas, mesmo assim, algumas setas
me feriram o rosto. Com receio de que me vazassem o olho, voltei
correndo para Lilipute, nadando com a maior velocidade possível nos
trechos onde o canal era maisprofundo.
Em Mildendo contei ao imperador o que se passava e pedi-lhe que
mandasse fabricar cabos metálicos, semelhantes aos usados na minha
captura, e pequenos ganchos de ferro.
Uma semana depois recebi os cabos e ganchos e parti para Blefusco,
disposto a evitar surpresas desagradáveis.
Segui lentamente pelo canal até chegar bem perto da capital inimiga.
A frota estava ancorada ao longo da enseada. Aproximei-me, tirei do
bolso o canivete e cortei as amarras que prendiam os navios a terra.
Amarrei-os depois uns aos outros e os reboquei, utilizando os ganchos
quetrouxera.
Em desespero, oficiais e marinheiros se jogavam às ondas. Os mais
afoitos, porém, não abandonaram os navios e atiravam em minha
direção com todas as armas disponíveis. Mas dessa vez eu levava
meus óculos e não havia perigo de ser ferido nos olhos. Agi
tranquilamente e saí devagar pelo canal, rumo a Lilipute.
Quando cheguei a Mildendo, o imperador e os ministros me esperavam na
praia. Ficaram satisfeitos com minha proeza e me deram o título de
nardaque – a mais alta distinção concedida a um estrangeiro, em
tempos de paz ou de guerra.
Ouvi discurso de vários ministros e o próprio imperador, em rápidas
palavras, agradeceu em nome do povo o que eu fizera por Lilipute.
Terminando, pediu-me que voltasse a Blefusco, aprisionasse toda a
população, trouxesse para Mildendo os navios de guerra e de
transporte, porventura ainda ancorados no porto, e matasse todos os
políticos liliputianos asilados em Blefusco [...].
Recebi os abraços, homenagens e discursos em silêncio. Quando a
festa acabou, disse ao imperador que não podia, infelizmente,
cumprir suas ordens, pois, embora estivesse sempre à disposição
da Coroa para ajudar Lilipute, jamais poderia servir de instrumento
para oprimir um povo corajoso como o de Blefusco. E deixei claro que
não pretendia envolver-me em questões políticas, nem assassinar
exilados.”
(Jonathan
Swift. Viagem de Gulliver. Texto em Português de Esdras Nascimento.
16ª ed. Rio deJaneiro.
Ediouro.2001.p.9-12.)
- Viagens de Gulliver é uma narrativa de aventura. O que diferencia uma narrativa de aventura de outras narrativas em geral? Justifique sua resposta, com elementos dotexto.
- Entre Lilipute e Blefusco havia uma disputa. Tomando como base o texto, explique: Qual era o motivo dessa disputa? Justifique suaresposta.
- Gulliver, aos poucos ganha confiança do povo e do rei de Lilipute. Por conquistar a confiança desses habitantes, praticamente tornou-se um membro da comunidade. Ao iniciar o conflito entre Blefusco e Lilipute, ele atendeu ao pedido do rei de impedir o desembarque do povo inimigo, mas não atendeu ao segundo pedido: prender a população, trazer navios de guerra e de transporte e assassinarexilados.
- Gulliver atendeu ao primeiro pedido e não ao segundo. Houve coerência em sua decisão? Justifique sua resposta.
- A decisão de Gulliver revela um pouco da sua personalidade. Que característica de seu caráter demonstra diante talatitude?
- Jonathan Swift escreveu uma história de aventuras que, além de divertir, indiretamente fazia crítica a seu próprio país, a Inglaterra, e a outros países europeus do século XVIII. Supondo que Lilipute represente a Inglaterra e outros países da época, qual seria a crítica que o autor buscou fazer com a obra?
- Observe os verbos e os pronomes relacionados ao narrador empregados na parte do texto narrada por Gulliver eresponda:
- Em que pessoa eles estão?
- Como é classificado esse tipo de narrador? Justifique sua resposta.
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